Alegria é um sentimento agradável de sentir em si e nos outros. A maioria das pessoas gosta de pessoas sorridentes, alegres, “para cima” como se diz. A alegria vende produtos e torna os comerciais incríveis. Muitos denominam a alegria como sendo o “combustível” da vida.
No entanto, a alegria não é comumente constante. Isso é uma utopia. Nem tudo na vida é assim …“tão bom”. É! A vida é assim! Nem sempre estamos alegres, pois nem tudo nos deixa contentes.
Contudo, pode ocorrer de sermos acometidos de grande sentimento de alegria, um sentimento profundo de potência, um sentimento de invencibilidade, fala em tom mais alto do que o habitual, muitos assuntos vêm a mente, a fala fica em ritmo acelerado. Preferência por cores mais fortes nas roupas. Nos tornamos a alegria das festas! Que legal! Ops! Será mesmo?
Os sentimentos podem tomar uma proporção até o ponto de não termos mais Alegria e sim, Euforia, mas uma Euforia que não passa. Um sentimento que, aos poucos, vai se desconectando da realidade, muito provavelmente nesse momento se estará entrando no terreno da Mania.
A Mania é um dos pólos do Transtorno Afetivo Bipolar que também é constituído de um outro pólo, o depressivo.
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Mas sentir-se alegre, disposto, esfuziante não é algo bom? Como pode ser doença?
A patologia começa quando o sujeito começa a descolar aos poucos da realidade. A euforia é tanta que começa atrapalhar o sono, pois o sujeito fica pensando em seus projetos novos, nas suas novas conquistas amorosas, nas compras que fez e deseja fazer, por exemplo. A disposição é tanta, que é comum ver alguns pacientes realizando exercícios físicos na madrugada. Pela manhã, não sente sono, mesmo tendo ficado acordado a noite toda. Mas também por ansiedade, pois a energia que sente não cessa, o corpo não para, nem o pensamento da trégua.
O sujeito é acometido de impulsividade (muitas ações sem pensar, sem avaliar), o pensamento é um turbilhão e se perturba ocorrendo fuga de idéias( ah! Me perdi! no que eu estava falando mesmo?) Muitos projetos são pensados e colocados em execução ao mesmo tempo, mas sem base na realidade, acarretando a desistência de alguns deles antes da conclusão, trazendo falta de credibilidade profissional.
Devido à impulsividade, podem comprar muitos produtos mesmo não tendo necessidade, sem avaliar o custo, assim contraindo dívidas, trazendo-lhes grande prejuízo financeiro.
Comumente encontramos também um nível aumentado de irritabilidade. Pacientes Bipolares na fase maníaca entram em conflitos facilmente com outras pessoas, descontrolam-se emocionalmente e podem entrar em conflito físico, podendo apresentar problemas inclusive de cunho policial.
A fase maníaca também pode vir a expor os pacientes em relacionamentos amorosos promíscuos, destrutivos que lhes causam danos emocionais e/ou físico e sociais.
Comumente, encontramos pessoas acometidas de Bipolaridade sem tratamento, ficando sozinhas, pois os convívios com amigos, família e trabalho acabam ficando prejudicados.
O Transtorno Afetivo Bipolar necessita de tratamento Psiquiátrico e acompanhamento Psicológico. O tratamento Psiquiátrico dará conta da farmacoterapia que, nesses casos, constitui-se de moderadores de humor e neurolépticos e outros conforme indicação médica. O paciente será tratado tanto na fase de Mania como na fase depressiva.
O atendimento Psicológico dará conta da psicoterapia para que o paciente tome consciência dos seus sintomas, aprenda a manejar estes sintomas, aprenda a reconhecer o início de um surto, entenda a necessidade da tomada da medicação. Ao paciente, é importante que aprenda a ser menos acelerado e perceba que assim será mais assertivo nas decisões da vida cotidiana.
É importante procurar ajuda psicológica e médica o mais cedo possível a fim de evitar danos cerebrais que podem advir das fases de mania, embora a fase depressiva também mereça cuidados. A fase Maníaca leva a morte de células neuronais levando o paciente a uma maior desorganização mental. Nesse sentido, os moderadores de humor como o Lítio são protetores neuronais, preservando o cérebro e suas funções.
O atendimento psicológico será para o paciente um espaço seguro, acolhedor e ético para expor os seus conflitos. Ninguém desenvolve um transtorno Bipolar do nada, há sempre uma trajetória a ser contada e que necessita de reflexão, apoio e respeito.