Cortina de fumaça é definida como “nuvem espessa de fumaça produzida pelas chaminés dos navios de guerra, ou feita artificialmente com produtos químicos, cujo propósito é encobrir a visão dos oponentes para despistar”. Em sentido mais subjetivo e amplo, pode ser entendida como qualquer atitude que iluda, engane, amenize e/ou despiste as reais intenções ou motivos acerca de um assunto ou fato.
Na sociedade atual, diante de tantas informações, conectividade e velocidade dos acontecimentos, acabamos mergulhados em um mar de incertezas e receios. A verdade nem sempre é exposta e a distorção de fatos e opiniões chega a níveis insanos. A seguir alguns destaques referentes aos principais casos de Cortina de fumaça:
Política:
Nesse campo a presença do fenômeno cortina é muito grande. A política favorece uma série de disfarces e ilusionismo constante. É triste dizer, mas políticos em sua maioria tratam a população com descaso enorme. A Constituição Federal é vista como mero “livrinho de fabulas” e a postura diante dos microfones é pífia. Integrantes e cúpulas de partidos alteram nomes de siglas, trazem parentes de caciques políticos como novos nomes e se esbaldam nos fundos partidários para financiamento de campanhas.
Por incrível que pareça muita gente ainda não sabe que os partidos políticos fazem suas campanhas eleitorais com grande parte proveniente do dinheiro público. A cortina é grande e persistente. A arte de camuflagem e disfarces é o DNA político.
Religiões:
As mais diversas religiões e crenças constituem importante papel na sociedade. Independente de segmento ou linhagem as denominações religiosas procuram reforçar valores que contribuem para harmonia, união e progresso das pessoas. Nos últimos anos temos visto a deterioração de diversas religiões, principalmente quanto a seus valores e ideais defendidos desde os fundadores.
Igrejas que apoiam políticos ou cedem seus púlpitos e altares para charlatões, vendas de objetos, livros, sementes, tecidos ou mesmo “moradas no céu” através de aluguéis ou contribuições. Não sou contra qualquer religião ou crença, mas vemos certos exageros em algumas situações. Há uma materialização e capitalização das coisas consideradas sagradas.
Aparentemente mais vale a compra de itens e participação de campanhas temáticas que visam arrecadação do que a própria fé e comportamentos sadios. Pessoas que muitas vezes se desdobram para pagar valores altos em troca de curas, libertações, status e progresso financeiro. Existe a cortina de fumaça implícita. Vale a reflexão.
Mídia:
A mídia em suas mais diferentes esferas é o núcleo para formação e blindagem de algumas cortinas. Percebemos uma fragilização e queda de qualidade nos mais diversos programas e apresentações midiáticas, desde programações de Talk Shows até jornais no horário nobre.
A presença da informação mediocrizada ou lançamento de manchetes sem checagem completa é real e constante. É complicada, mas validade a afirmação “na mídia é mais importante à velocidade da publicação do que a verdade do fato”. Eu mesmo já presenciei varias vezes mudanças repentinas em grandes portais de informação na internet e erratas em jornais impressos devido a erros de nomes, endereços, pessoas, órgãos públicos, horários, lugares e outros do tipo.
A pressa de publicar uma matéria ou fato gera uma série de pequenos ou grandes transtornos dependendo do assunto que se trata. Ao mesmo tempo em que são geradas informações e transparência, também é produzida a confusão e falta de clareza o que ocasiona certa confusão, principalmente em pessoas com um grau menor de escolaridade ou que tenha esses tipos de mídia como fonte única de orientação no cotidiano.
É importante a atenção e associação de ideias e ligação dos pontos para entender qualquer situação. A marca principal do jornalismo tem que ser a imparcialidade e apresentação de dois lados ou versões da história / fato. Se um veículo de comunicação mais precisamente no quesito jornalismo é apoiador, militante político ou simpatizante de determinadas causas que atendem os próprios interesses, a qualidade da notícia e apresentação dos acontecimentos torna-se comprometida e duvidosa.
Infelizmente temos visto uma queda de qualidade do jornalismo nacional devido a interesses, despreparo e fragilidade de pautas. Vimos isso sem muita dificuldade recentemente nas sabatinas, entrevistas e debates eleitorais. Questões de área pessoal e fatos do dia a dia dos candidatos foram mais comentados do que as propostas e planos de governos registrados no TSE. Na verdade alguns partidos nem mencionaram isso para que seus eleitores não ficassem abismados da incoerência e sinais de desconhecimento do próprio País ou Estado que se dispuseram a governar.
Precisamos de um choque de realidade urgente, senão a cortina de fumaça nos intoxica, cega e talvez mate. Vale a reflexão e atenção crítica aos fatos.
Reflexões Referente ao Assunto:
“O conhecimento é a fonte mais democrática de poder”. (Alvin Toffler)
“Basicamente você assiste TV pra desligar seu cérebro” (Steve Jobs)
“Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem”. (Zygmunt Bauman)
“Se as pessoas forem esclarecidas, atuantes e se comunicarem em todo o mundo; se as empresas assumirem sua responsabilidade social; se os meios de comunicação se tornarem mensageiros, e não apenas mensagem; se os atores políticos reagirem contra a descrença e restaurarem a fé na democracia; se a cultura for reconstruída a partir de experiências; se a humanidade sentir a solidariedade da espécie em todo o globo; se consolidarmos a solidariedade interegional, vivendo em harmonia com natureza;se partirmos para exploração de nosso ser interior, tendo feito as pazes com nós mesmo. Se tudo isso for possibilitado por nossa decisão bem informada, consciente compartilhada enquanto ainda há tempo, então talvez, finalmente possamos ser capazes de viver, amar e ser amado.” (Manuel Castells)
Referências:
https://www.dicio.com.br/cortina-de-fumaca
https://www.pensador.com/autor/manuel_castells/
https://www.pensador.com/frases_steve_jobs/