A educação sexual para crianças ainda é um tabu no Brasil. Seja por resistência, vergonha ou falta de desenvoltura, a verdade é que muitos pais têm dificuldade em abordar esse assunto com seus filhos.
Nas escolas acontece algo semelhante. Pouco se vê esse conteúdo nas grades curriculares, ainda que, em 2010, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) tenha lançado uma cartilha mundial com uma “Orientação Técnica Internacional sobre Educação em Sexualidade” para ser usada como base nas instituições de ensino.
Educação sexual para crianças: O bê-á-bá
Levando em conta a dificuldade em tratar desse tema tabu, o psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina (FASM) Breno Rosostolato bolou uma estratégia de como falar sobre sexo com filhos de acordo com a fase em que estão.
Segundo ele, as crianças passam por etapas que vão favorecer seu desenvolvimento psíquico e emocional. Por isso, é importante os pais ficarem atentos a essas fases para abordarem questões sobre sexualidade que ajudem na construção.
Na fase entre os 4 e os 5 anos, por exemplo, vêm os porquês. É importante que os pais elucidem e forneçam as respostas, usando a linguagem adequada e deixando claro que a sexualidade pertence ao mundo dos adultos, que fará parte da vida do filho no futuro.
É comum desse período o aumento da curiosidade dos pequenos em relação ao corpo dos pais. Um pedido para tomar banho em família deve ser encarado com naturalidade, como uma forma de a criança conhecer melhor quem são essas pessoas que cuidam dela – e esse reconhecimento acontece como num espelho.
Sem apressar o ritmo dos filhos, os pais, aos poucos, devem explicar aspectos que possam ajudar na compreensão da criança sobre o nascimento e a gravidez. Evitam-se explicações mirabolantes e fantasiosas como o da cegonha, mas a alusão à sementinha que passa do órgão sexual do pai para o da mãe pode ser usada sem problemas.
Tocar e manipular os órgãos genitais é outra atividade que pode acontecer. Muitos pais, ao perceberem isso, sentem-se constrangidos e resistem em abordar o filho para falar a respeito. Para a criança conhecer o corpo, é preciso descobrir as sensações agradáveis que ele transmite.
Aos 8 anos, começa-se a presta atenção ao sexo oposto. É nesse momento que os pais podem conversar com os filhos sobre a diferença entre homens e a mulheres, avançando um pouco mais no sentido de falar sobre características de meninos e meninas.
As identificações construídas anteriormente com a mãe e o pai ajudam no desenvolvimento de características masculinas e femininas e se estendem até os 11 anos. Essa é uma preparação benéfica para ingressar na pré-adolescência e, portanto, no início da puberdade.
Adolescência: O despertar do desejo
Nesse momento, ambos os gêneros têm consciência de suas identidades sexuais e, assim, começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades. A busca não é projetada aos pais, mas a outras pessoas e grupos que não sejam da família.
Os pais devem dar espaço para o pré-adolescente. O diálogo deve ser constante sem ser invasivo e agressivo. Além disso, as orientações precisam, especialmente, passar confiança e segurança. Acolher o filho não é sufocá-lo ou preocupar-se demais. Exigências e imposições prejudicam o desenvolvimento da criança, mas mimos em demasia são igualmente limitadores.
Para Rosostolato, a educação sexual para crianças, primeiro, deve partir dos pais. A escola é uma extensão do ambiente familiar, mas que abordará a sexualidade de maneira científica, como aspecto fisiológico, funcionamento e prevenção. Por isso, é necessário que haja uma complementação de ambos os lados, a fim de que os pequenos estejam sempre bem informados.
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