A adolescência é um momento de profundas transformações, tanto com o seu corpo quanto com a sociedade. A psicanálise define essa fase como sendo a relação do jovem com o luto, que é o momento em que o mesmo tem um desligamento com os seus pais, dando-se assim um extremo rompimento com a fantasia infantil.
A nossa sociedade define a inserção do adolescente no mundo adulto a partir dos seus relacionamentos com a maturidade, a independência, auto determinação, a responsabilidade e a atividade sexual efetivamente adulta. O adolescente é uma pessoa em crise, no momento em que está desestruturando e reestruturando tanto seu mundo interior como suas relações com o mundo exterior.
Quando uma doença surge na vida de um indivíduo, traz consigo alterações e transformações não só no organismo como também no modo de vida e nas relações sociais do mesmo. Se tratando de uma sintomatologia como a depressão em adolescentes, estas implicações são bastante sérias, uma vez que, não diagnosticadas satisfatoriamente no início do seu desenvolvimento, podem provocar sequelas bastante fortes, como relatam Aragão et al (2009). De fato, observou-se nas duas últimas décadas um aumento muito grande do número de casos de depressão com início na infância e na adolescência. Para conviver com essas implicações, os indivíduos constroem representações sociais que lhes auxiliam na atribuição de sentido para orientar seus comportamentos no decorrer da experiência com a doença.
A Relação da Família com o Adolescente Depressivo
A família, de uma forma geral, é considerada o fundamento básico e universal das sociedades, por se encontrar em todos os agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e funcionamentos. A mesma se define como um grupo social, cujos membros estão unidos por laços de parentesco, e paralelamente sofrem influência do ambiente familiar. (Gonçalves, 2006)
A família é um grupo natural que, através do tempo, tem desenvolvido padrões de interação que, por sua vez, governam o funcionamento dos membros da mesma, delineando sua gama de comportamentos e facilitando sua interação. Porém, nem sempre a família é flexível o bastante para proporcionar esse desenvolvimento de acordo com as mudanças das situações que ocorrem.
Por suporte familiar pode-se entender a quantidade de pessoas que moram na casa e suas respectivas funções. É considerada ótima quando houver na família altos índices de carinho e permissão para autonomia e independência. Segundo Alves et al (2008), aqueles que têm a ausência do suporte social ou familiar, estariam mais predispostos a apresentarem um distúrbio psicológico/psiquiátrico quando submetidos a eventos estressantes. Sendo que os relacionamentos pobres na infância e adolescência contribuem significativamente para a aquisição de personalidades vulneráveis, as quais auxiliam na propensão para depressão e modelos insatisfatórios de relacionamento.
Os aspectos familiares devem ser considerados como fundamentais na etiologia ou manutenção da depressão em crianças e adolescentes, já que é nesta fase que se observa uma influência muito grande da família no desenvolvimento do indivíduo.
De acordo com Gonçalves (2006), p. 42:
“[…] A relação família-depressão tem-se fundamentado nos princípios da aprendizagem e sugerem que os relacionamentos familiares, para contribuírem de forma positiva para o tratamento do adolescente depressivo devem dar uma atenção especial nas condições afetivas, que são experenciadas por todos os integrantes da família. A experiência de amar e ser amado é uma das condições essenciais para o desenvolvimento sadio do homem, um sólido alicerce de amor paterno durante a infância dá ao jovem recursos incalculáveis ao ingressar na adolescência, assim, o adolescente se sente amado, não corre o risco de se sentir rejeitado pela família, facilitando uma visão satisfatória sobre o suporte familiar, proporcionando sentimentos de bem estar no adolescente, o que se torna inconsciente com a depressão.”
Assim, relacionamentos sociais construtivos com os membros da família e amigos, podem proporcionar sentimentos de bem estar no adolescente, o que é preventivo à depressão.
Conclusão
Através das reflexões feitas sobre a influência do suporte familiar no adolescente depressivo, percebe-se a necessidade de se entender mais sobre o respectivo transtorno de humor, que através dos fundamentos teóricos estudados, entendem-se os inúmeros fatores que contribuem para o seu surgimento, e quão importante é a relação da família com o indivíduo depressivo, principalmente no que tange a fase da adolescência, por ser essa constituída de transformações e grandes incertezas do próprio indivíduo que está em processo de construção da sua identidade.
É importante observar a fundamental importância que existe na relação entre a família e o adolescente depressivo, afinal, essa influencia e é influenciada pelo adolescente, tendo grande destaque neste processo.
Por fim, é importante ressaltar que a relação familiar pode vir a influenciar a origem, a evolução e recuperação do adolescente depressivo, sendo que não existe apenas um fator isolante e sim um conjunto de fatores, no qual o suporte familiar faz parte.
Autores: Érica Vanessa Rodrigues da Silva e Juliany Christine Paiva e Silva
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