A ingestão demasiada do álcool também gera inúmeros problemas à saúde mental do alcoolista. Instabilidade de humor, euforia, danos à memória, redução da coordenação motora, diminuição da atenção, da concentração e dos reflexos, fala arrastada são alguns exemplos de danos ao bom funcionamento do cérebro. Com o aumento do tempo de consumo, o organismo tende a tolerar os efeitos do álcool e a aumentar também a necessidade da ingestão de uma quantidade cada vez maior dessa substância.
Além da dependência física, o alcoolista também pode desenvolver dependência psicológica ao álcool. A falsa crença de que a bebida acabará com as emoções ruins e as frustrações, reduzirá sensações de ansiedade e ajudará a resolver problemas do cotidiano, nutre o desejo do indivíduo de continuar ingerindo quantidades cada vez maiores de álcool. Em vista disso, vários transtornos depressivos, de ansiedade ou alimentar, por exemplo, podem estar relacionados ao uso excessivo do álcool.
O tratamento psicológico pode auxiliar na conscientização dos efeitos nocivos do álcool e na compreensão de sentimentos e comportamentos associados à manutenção da dependência, assim como nos transtornos associados. O objetivo do tratamento é sanar os prejuízos causados no desenvolvimento das habilidades cognitivas, comportamentais e emocionais, por meio da psicoterapia (individual, grupal e/ou familiar).
A psicoterapia ajuda o alcoolista a aprender a desenvolver hábitos de vida mais saudáveis, auxiliando na prevenção de recaídas, na busca da resolução de problemas e a manter o autocontrole e a motivação para continuar vivendo sem o uso do álcool. Outra parte importante do tratamento é a presença constante da família.
A família é o principal alicerce na vida de alguém e não é diferente no tratamento do alcoolismo. Muitos familiares acreditam que não podem ajudar ou que já fizeram o bastante para que seu ente querido saia do alcoolismo. Sentimentos de medo, raiva, culpa ou rejeição são comuns em familiares que desconhecem o problema. Por essa razão, informar, orientar e apoiar também os familiares do alcoolista é de suma importância e deve fazer parte do tratamento.
As chances de recuperação crescem quando existe acompanhamento familiar nas reuniões em grupos de apoio ou no tratamento. Estudos indicam que a inserção do familiar ou de uma pessoa significativa para o alcoolista no tratamento traz bons resultados e ajuda na prevenção de recaídas.
As recaídas são comuns durante o tratamento, pois o alcoolismo é uma doença crônica e requer atenção e cuidado. Elas podem acontecer por causa da ansiedade, situações de estresse, conflitos familiares ou pressões sociais para que haja o consumo do álcool, principalmente no início do tratamento. Algumas dicas para lidar com elas são importantes.
Sentimentos de fracasso ou vergonha são comuns após uma recaída, mas isso não significa dizer que o tratamento não deu certo e sim que é uma nova chance para o recomeço. A pessoa deve continuar o tratamento mesmo após a recaída. O psicólogo que a acompanha pode ajudar e saberá auxiliar no manejo de estados emocionais negativos causados pela recaída. Enfraquecer pensamentos permissivos e mantenedores da dependência ajuda a não recair da próxima vez. Pedir apoio de um familiar também pode ajudar bastante.
Vale salientar que, devido à alta complexidade do alcoolismo, o tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar especializada nos cuidados do transtorno do uso do álcool. É de suma importância atender às necessidades de saúde, sociais, psicológicas e profissionais dos alcoolistas.