A síndrome do membro fantasma ou também reconhecida como membro fantasma afeta cerca de 80% das pessoas amputadas e é conhecida pela medicina, fisioterapia e também a psicologia, entretanto é um fenômeno ainda desconhecido em nossa sociedade e pouco comentado.
Na verdade trata-se de um evento neurológico de pessoas que perderam algum membro do seu corpo e ainda o sentem, ou seja, tendo assim o “membro fantasma”, como se ainda estivesse ali, permitindo que a pessoa tenha sensações no seu membro. Podendo sentir coceira, frio, calor, calafrios, tensão, dormência, entre outras várias sensações…

Em alguns pacientes essa síndrome se manifesta somente nos primeiros meses da perda do membro, já em outros pode persistir por anos após a amputação, cada caso é bastante específico.
O que também se observa nos pacientes é a dor fantasma, não somente a sensação, muitos até contam que ainda sentem quando o membro foi amputado, sentem fisgadas fortes, dor cortante, perfuração, ardidão, entre outros sintomas.

Também existem tipos de dores, sendo a aguda e crônica. A aguda, essa que dura segundos, dias ou semanas, ocorre como um sinal de alerta após cirurgias, traumatismo, inflamação ou infecção. Já a dor crônica ou persistente pode durar meses ou anos, pois este tipo de dor é associado ao do membro fantasma, no qual é provocado pela lesão causada no nervo.

Vale ressaltar que a dor aguda quando não for tratada de forma correta pode evoluir para uma dor crônica, dificultando assim a vida do paciente de várias formas, pois pode comprometer o bem-estar social afetando o lado emocional, no qual acaba ficando muito abalado.

Como nosso cérebro reage:

Muitos devem se perguntar: mas porque exatamente ocorre essa síndrome? A resposta é bastante clara: nosso cérebro é uma caixinha de surpresas!
O que acontece, na verdade, é que os mecanismos que causam a dor fantasma ainda precisam ser mais bem esclarecidos. Especialistas sabem que o problema está em uma falha de comunicação entre o cérebro e a área do corpo amputado. Pense na seguinte forma: quem sofreu a amputação e teve a perda de um membro foi o nosso corpo, mas o nosso cérebro continua perfeitamente bem, mandando suas reações devidas para todas as partes do nosso corpo – aí que está o grande mistério -, quando esta parte não existe mais, o que acontece é que o cérebro continua mandando, nos fazendo ter as sensações fantasmas.

Apesar do termo ” Síndrome do membro fantasma”, não ser muito conhecido pela sociedade em geral, temos um exemplo bem comum, sendo o caso de pacientes que precisaram realizar uma mastectomia por conta de um câncer de mama. Diversas pacientes relataram que mesmo após a retirada do seio, continuaram a ter a sensação da mama, mesmo depois de um período de adaptação.
É importante destacar que muitos pacientes sofrem de depressão, pelo fato de estarem com algum membro amputado, pois é uma situação bastante delicada e nova na vida da pessoa, trazendo muitas vezes problemas com aceitação e dificuldade em seguir em frente.

Isto também acaba afetando no tratamento e na qualidade de vida de uma forma negativa, uma vez que prejudica a evolução em busca de melhoras. Essa síndrome afeta a vida do indivíduo na sociedade, pois muitas vezes ele se considera “louco” pelo fato das pessoas não acreditarem em seus sintomas, levando a um distúrbio psicossocial. Afinal, como ter dor em uma parte do corpo que não está lá? É difícil para o paciente e para as pessoas próximas que já tiveram que enfrentar a situação delicada da perda de um membro e ainda precisar ter esta “luta fantasma”.  Dessa forma, acaba-se notando o quanto é importante levar a informação a todas as pessoas, tornar isso público – fazer com que este momento dos pacientes não seja traumático -, mas que seja bastante claro, que tenha todas as informações necessárias sobre essa síndrome.

 

Como lidar com esta síndrome?

O tratamento da dor fantasma geralmente inicia-se com analgésicos comuns e caso a dor torne-se agressiva, o médico responsável pelo paciente acaba receitando remédios mais fortes, todavia, vale ressaltar que cada pessoa é um caso específico onde tem um tratamento voltado para as necessidades de cada paciente.
Para que a pessoa tenha uma melhora 100% é importante analisar que o tratamento é um conjunto de várias coisas que a síndrome atinge, no qual é o nosso corpo e a nossa mente, sendo assim é necessário a intervenção de uma equipe multiprofissional que envolva os aspectos clínicos, funcionais, sociais, psicológicos e emocionais. Transformando essa situação, mostrando que não precisa ser uma fase traumática, mas sim, uma etapa da vida da pessoa onde ela percebe a grande vitória de estar viva, ter a oportunidade de continuar batalhando por uma vida digna, saudável mentalmente e fisicamente.

A fisioterapia acaba sendo uma forte aliada, pois como ciência do movimento e da funcionalidade, vem para contribuir na recuperação física/funcional, preparando assim o amputado. Os objetivos fisioterapêuticos estão relacionados à promoção da função e da independência funcional e pessoal, ao aumento da mobilidade articular, à maturação e à dessenssibilização do coto, à prevenção de posturas viciosas, ao cuidado com membro contra-lateral à amputação (quando esta for de um membro), ao reequilíbrio da musculatura de sustentação esquelética, à prevenção de úlceras e lesões de pele; à deambulação, quando possível, andadores ou muletas, primeiramente, visando à protetização, resgate e nova configuração da imagem corporal.

Outra técnica também muito usada, esta que age na nossa mente é a teoria da “caixa de espelho”, ela funciona da seguinte forma: o paciente insere o membro normal e o coto na caixa. É solicitado a movimentar ambas as mãos, então  tem a ilusão de que a mão fantasma que ele ainda sente é capaz de se mexer. Pacientes que referiam a sensação de mão fechada com os dedos cravados na palma, conseguem abri-la, o que alivia, ou extingue a dor.

É uma técnica que é fundamentada na ativação dos neurônios, a partir da ilusão gerada ao se visualizar o reflexo de um dos membros em um espelho. Ao realizar um movimento com o membro não lesionado, o reflexo gerado no espelho é capaz de oferecer ao cérebro um novo estímulo visual, embora ilusório, sugerindo que o membro lesionado está se movimentando. Essa ilusão promoveria a ativação dos neurônios que ocorre durante a observação de um movimento ou durante a sua própria execução.
Este tratamento conhecido como “caixa de espelho”, além de ser muito benéfico, é  muito eficaz, já que traz resultados mostrando a “perda” da dor do membro fantasma e ao mesmo tempo por ser interessante financeiramente já que trata-se de um método barato.

O membro fantasma nos permite ver o quanto o nosso cérebro é simplesmente cheio surpresas e efeitos colaterais. Muitas vezes nos permite ser nosso inimigo ou amigo, mas fato é: nós temos a escolha em nossas mãos, fazendo assim um efeito colateral virar uma luta extraordinária que nos mostra como a força de vontade em vencer as dificuldades é grande – imensa e linda – um verdadeiro exemplo de superação!

Autora: Tatiana Patrícia Stolf.

Referências:

Dra. Fabíola Peixoto Minson explica sobre a Dor do Membro Fantasma

Saiba mais sobre a Síndrome do Membro Fantasma


http://www.news-medical.net/health/What-is-a-Phantom-Limb-(Portuguese).aspx
Como amputados podem lidar com a dor e a sensação fantasma

A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA REDUÇÃO DA DOR E DA SENSAÇÃO FANTASMA DO AMPUTADO


http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=2334

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