Vez e outra, atualmente, algum vídeo aparece circulando nas redes sociais com psicólogos falando sobre a importância da autoridade dos pais sobre seus filhos. Há uma grande adesão do público a esse tipo de conteúdo, e não é por acaso. Ela é fruto das consequências vivenciadas na sociedade moderna, onde crianças e adolescentes se comportam de forma cada vez mais problemática.
Pais e mães buscam desesperados por orientações de como lidar com os filhos “rebeldes” dentro de casa. Além da agressividade, ansiedade, hiperatividade, depressão, apatia, falta de motivação, automutilação, suicídios, erotização precoce e tantos outros conflitos de ordem emocional se tornaram comuns em nossos dias entre os jovens, e muitos se perguntam por quê?
A desautorização dos pais
O comportamento é uma construção, e como tal, feita por etapas. Quando determinada etapa não é tratada corretamente, as próximas sofrerão às consequências desse erro. Infelizmente, muitos pais descobrem tardiamente que para conseguir o respeito de seus filhos, por exemplo, na adolescência, deveriam ter criado uma relação de respeito desde os primeiros anos de vida deles, como explico nessa matéria: Trocados pela internet – A geração de filhos órfãos de pais que não largam o celular
Isso é conquistado mediante a – imposição – de regras bem definidas, de modo que a criança deve cumpri-las regularmente. Às regras servem como norteadoras da autoridade dos pais. É por elas que os pais mostram aos filhos que mandam na casa e possuem autoridade sobre eles.
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A palmada, quando necessária, serve como um recurso extremo nas situações em que a diálogo não é suficiente para garantir a obediência do filho(a), e isso só produz o efeito correto quando na fase certa.
De modo geral, o castigo físico usado repetidamente (e com intensidade cada vez maior) indica o fracasso da capacidade do diálogo e imposição de regras, por isso os pais devem ficar atentos quanto a isso, entendendo que há um caminho a ser percorrido: diálogo > castigo moral > castigo físico. Cada fase desse caminho aponta para o grau de sucesso dos pais na educação dos filhos, de modo que o último é o seu limite.
O que vem sendo implantado em nossa cultura nos últimos anos, por outro lado, vai na contramão extrema dessa realidade. Crianças são tratadas como espécies de pequenos sujeitos autônomos, detentoras de direitos capazes de fazer cumprir suas vontades, desprezando completamente a autoridade dos pais.
Prova disso é um projeto que altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Essa proposta “dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante”, mais conhecida como a “Lei da Palmada”, ou Lei Menino Bernardo.
Aprovada em 2014 como Lei Ordinária 13010/2014, o texto prevê a punição dos pais que usarem castigos físicos contra seus filhos, como uma simples palmada, beliscão ou tapa na boca, por exemplo. Essa é uma medida que compõe um ambiente cultural de desautorização da autoridade dos pais, algo implicitamente defendido, por exemplo, pela procuradora Débora Duprat, em fevereiro de 2017.
Na ocasião, durante um debate na TV Câmara sobre o projeto Escola Sem Partido, Duprat disse que os filhos – não – pertencem à família:
“Um outro aspecto, para eu não me alongar demais, é essa percepção equivocada de que a criança pertence a família. Que a família tem o poder absoluto sobre a criança (…) Não é verdade! A Constituição diz que a criança é um problema da família, da sociedade e do Estado”, disse ela.
Ora, evidentemente o Estado possui responsabilidade sobre – todos – os cidadãos, incluindo às crianças. A fala da procuradora, no entanto, revela uma visão que vai além do mero direito constitucional. Ela aponta um contexto onde – supostamente – os pais não devem possuir o direito de educar seus filhos como bem entendem. Isso invade a esfera moral.
Outro caso que exemplifica tal contexto foi a retirada do ar do programa “SuperNnany” por violação dos “direitos das crianças”, em Portugal. Para saber mais, clique aqui.
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Na contramão do liberalismo
A doutora Marilyn Wedge, uma terapeuta familiar com mais de 20 anos de experiência em ajudar crianças, adolescentes e famílias, autora de livros e artigos sobre o tema, fez uma publicação em 2012 explicando o motivo pelo qual, segundo ela, o Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) praticamente não existe na França.
A conclusão de Wedge é fascinante, porque ela correlaciona o diagnóstico do TDAH com a forma como as crianças são educadas na França, incluindo não só o castigo moral, mas também o físico. Ela observa:
“TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos […]. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança”.
Com isso, a conclusão da especialista, baseada no contexto francês, é de que a – falta de disciplina – está por trás do comportamento hiperativo diagnosticado como TDAH em muitas crianças (não todas). Wedge cita outra autora, a Pamela Druckerman, para explicar o contexto educacional entre pais e filhos na França.
“A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre – que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem”, diz ela.
“Às refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses”, completa.
Wedge continua:
“Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra ‘não’ resgata as crianças da ‘tirania de seus próprios desejos’. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.”.
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Por fim, Wedge detalha o que parece o cenário fiel, porém em seu modo averso, do que temos visto em muitas famílias aqui no Brasil. Ou seja, o liberalismo e falta de autoridade dos pais sobre a soberania egoica dos filhos, endossada pelo viés do liberalismo moral radical.
“As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso”, conclui.
Poderíamos citar inúmeros exemplos de especialistas apontando a importância da disciplina, o que inclui castigos físicos como forma de correção sobre os filhos. Isso está presente na história e em todas às civilizações. Provavelmente está presente na história de você que está lendo esse texto. Não se trata de violência, mas de correção. Há uma diferença conceitual entre esses dois termos, “violência” e “correção”, e isso é observado pelo bom senso de pais e mães equilibrados.
Finalmente, a falta de disciplina e o excesso de liberalismo são em grande parte responsáveis pela confusão emocional vivenciada pelos jovens na atual geração. Vale destacar, por exemplo, que em novembro de 2018 o parlamento francês avançou com uma lei que visa conscientizar (e não proibir) a população sobre o castigo físico, semelhante ao que ocorreu aqui no Brasil em 2014, porém, de forma mais branda. Note que tal proposta reflete o atual cenário de desconstrução cultural e relativismo moral pelo qual a Europa atravessa, especialmente os franceses.
Diferente do que muitos imaginam, no entanto, os filhos não amam ou respeitam mais seus pais por vê-los deixar fazer tudo o que desejam, é o contrário. Os filhos valorizam o que seus pais fazem por amor para que eles aprendam o que é certo ou errado, mesmo que isso leve um tempo para entender. Mesmo que isso lhes custe uma boa palmada.
Fonte: https://sorocabanices.com.br
Você tem que se identificar, identificar a autoria do texto, ao buscar adentrar em um assunto tão debatido e controverso. Pois ser um influenciador digital anônimo nessa questão, pode não ser tão interessante.
Qual a fonte? Quem disse? Com base em que pesquisa?
O argumento só vale se vier com carteirada?
tem que vir de um especialista. estudos existem para isso! precisamos nos basear em dados, não em achismo.