erotomania, sindrome do amor platonico

A erotomania consiste num delírio, em que uma pessoa se encontra convicta de que outra, geralmente de uma classe social mais elevada, está secretamente apaixonada por ela, sendo também conhecida como “Síndrome do Amor Platônico ” ou Síndrome de Clérambault, que ganhou esse nome após um estudo publicado pelo psiquiatra francês com o mesmo nome sobre o assunto, em 1921.

A Síndrome do Amor Platônico desenvolve- se em três fases clássicas: a esperança, o despeito e, finalmente, o rancor. Está alocada entre os transtornos delirantes.

 

Característica básica

O indivíduo que sofre dessa síndrome pode também acreditar que ele e a outra pessoa, supostamente apaixonada, se comunicam secretamente através de métodos sutis como gestos de postura, arrumação de determinados objetos da casa etc., ou – se a outra for uma pessoa de imagem pública – através de indícios ou pistas na mídia. A outra pessoa geralmente tem pouco ou nenhum contato com o indivíduo que sofre da síndrome, que frequentemente acredita que o outro (objeto do delírio) iniciou a relação fictícia.

Ocasionalmente, o objeto do delírio não existe; no entanto, o mais comum são casos de indivíduos que sofrem desse delírio tendo como objeto pessoas expostas na mídia, como cantores, atletas, atores ou políticos.

As rejeições por parte do objeto são interpretadas como evidências de amor para a paciente.

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Fases da doença

Essa síndrome é formada por uma série de ideias e interpretações delirantes da realidade que surgem de modo súbito como o amor à primeira vista. Estas ideias delirantes trazem uma sustentação universal a favor daquele amor incluindo telefonemas, viagens e perseguições. A primeira fase dessa síndrome é a fase da esperança, quando o sujeito se crê amado de forma convicta, inabalável. Ele se sente orgulhoso disso. A segunda fase é a do despeito, quando o sujeito tem pelo objeto, ao mesmo tempo, sentimentos de conciliação e de vingança, baseados em seu orgulho ferido, pela falta de correspondência de seus sentimentos. E a terceira e última fase é a do rancor, quando o sujeito passa a sentir ódio do objeto e a fazer-lhe falsas acusações e ameaças de vingança, assim como a se sentir ameaçado e perseguido pelo objeto.

Como se apresenta o portador de erotomania?

O típico portador da erotomania pode ser homem ou mulher, leva uma vida reservada, socialmente inexpressiva; poucos são casados, muitos são privados de contato sexual por anos, a maioria ocupa cargos subalternos, e alguns são pouco atraentes. Esse comportamento pode resultar de traços de personalidade hipersensível, desconfiança acentuada ou assumida superioridade em relação às outras pessoas. Por outro lado, os objetos de amor delirante, na realidade ou em fantasia, são sempre superiores em inteligência, posição social, aparência física, autoridade ou uma combinação destes atributos. Quase sempre, o paciente sente-se como que livrado de sua solidão pelo amor que o objeto supostamente lhe dedica.

A erotomania pode estar associada a outras doenças?

Esta síndrome pode apresentar-se associada a diversos transtornos mentais, como transtorno delirante persistente, esquizofrenias, transtorno afetivo bipolar. Registros forenses indicam que existe um potencial considerável para comportamento violento e vingativo em pacientes erotomaníacos, principalmente os do sexo masculino

Tratamento

A erotomania é uma doença crônica, relativamente refratária ao tratamento, tanto farmacológico, quanto psicoterápico. Em alguns casos, a doença chega a ser incapacitante. Esse paciente tem que ter constantemente acompanhamento psicoterápico e psiquiátrico.

Segundo os psiquiatras casos que não respondem à medicação têm indicação de eletroconvulsoterapia – ECT e nos casos graves, que não podem ser manejados ambulatorialmente têm indicação de internação.

As maiores vítimas dos erotomaníacos

Os famosos numa frequência aproximadamente oito vezes mais alta do que na média da população. A idade ou o sexo das estrelas não influenciavam o fato de ser alvo de perseguição obsessiva. Na verdade, foi muito mais decisiva a frequência com que aparecia na mídia. Aqueles que expõem sua vida privada, portanto, estão sob maior risco. São a essas pessoas que os erotomaníacos se “apegam” com mais facilidade.

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Vítima famosa de um erotomaníaco

Quase todos os perseguidores de pessoas famosas se iludem e idealizam a possibilidade de se aproximar de seu ídolo, colocando sobre ele uma série de projeções. Um exemplo é Günther P., durante anos obcecado pela tenista alemã Steffi Graf. Em 1993 ele cometeu um atentado contra outra jogadora, Monica Seles, concorrente da esportista . Sua obsessão pela tenista começou em 1985, quando a viu em um programa de televisão. A partir de então, passou a escrever cartas para ela e para sua mãe. Chegou a mandar-lhe dinheiro, forrou as paredes de seu quarto com fotos gigantescas da moça e não perdia nenhum de seus jogos. Ela era para ele “uma criatura de sonhos, com olhos de diamantes e cabelos de seda brilhantes”. Via nela características virtuosas, como “limpeza, sinceridade e pureza”.  Seu objetivo ao tentar estabelecer uma ligação com Graf era fortalecer a própria identidade. Em abril de 1993, cometeu o atentado: cravou uma faca nas costas de Seles. Sua intenção era que sua adorada voltasse a ser a número um no ranking do tênis mundial.

Filme que exemplifica bem essa Síndrome

No filme ‘Bem me quer, mal me quer’ a autora pretende, aproveitando-se da trama, explorar e articular as teorias sobre a erotomania, que envolve não apenas questões a respeito do amor, mas principalmente, a paranoia com todo seu conteúdo de erotismo. A história revela o desenvolvimento do delírio apontando para suas bases subjetivas, de modo que demonstra o percurso paranoico de forma exemplar, permitindo a articulação das teses psiquiátricas e psicanalíticas. O filme de 2002 mostra a evolução de um processo de erotomania, que consiste na convicção delirante de um sujeito de que outra pessoa está secretamente apaixonada por ele.

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