Para Freud, o sonho é uma forma de satisfazer desejos, resolver problemas que não foram ou “não podem” ser realizados de forma consciente. Dessa forma, a interpretação dos sonhos pode revelar conteúdos que foram reprimidos, excluídos da consciência pelas atividades de defesa do ego e superego e enviadas para o inconsciente.

As ideias de Freud de que os sonhos seriam “restos do dia” foram confirmadas cientificamente, 1989, através de um experimento em que foram observados o cérebro de ratos. Foi descoberto que os neurônios mais ativados durante o dia continuavam a ser ativados durante a noite. A pesquisa demonstrou que, quando o indivíduo tem uma experiência marcante durante o dia, a chance de ela entrar em seu sonho é muito grande. Se a pessoa, por exemplo, sofreu alguma situação violenta, como um assalto ou um acidente de transito, ela sonhará com esses fatos.

Sobre a dificuldade que temos em nos recordar dos sonhos, Freud dizia que não nos recordamos dos sonhos porque eles contêm nossos desejos e pensamentos reprimidos. Seu conceito nos leva a pensar que não nos lembramos dos sonhos porque não queremos.

Os sonhos nada mais são do que pontos de ligação entre aquilo que é considerado normal e aquilo tido como patológico. Assim, não podem ser considerados como absurdos, mas sim como manifestações de nossos desejos.

Fisiologicamente, o sono se divide em 2 estágios: o sono dessincronizado, sono REM, do inglês Rapid Eyes Movement (Movimento Rápido dos Olhos), e o sincronizado, conhecido como sono NREM, que se divide em 4 estágios. Quando dormimos, atravessamos 5 estágios de sono. No estágio 1, é muito fácil ser despertado porque ele é muito leve. Durante os estágios 2, 3 e 4, a nossa atividade cerebral é gradualmente reduzida até o sono profundo, em que não experimentamos nada além de ondas cerebrais delta. Depois do quarto estágio de sono, começamos o sono REM, em que sonhamos.

Durante uma noite de sono, uma pessoa normalmente tem cerca de 4 ou 5 períodos de REM, que são bem curtos no começo da noite e mais longos no final. É comum acordar por um curto período de tempo no fim de um acesso de REM. O tempo total de sono em REM ronda os 90 a 120 minutos por noite para adultos. Entretanto a quantidade relativa de sono REM diminui acentuadamente com a idade. Um bebê recém-nascido dorme mais de 80% do tempo total de sono em sono REM; enquanto uma pessoa de 70 anos dorme menos de 10% em sono REM. A média para adultos jovens é 20% do tempo total de sono ser em sono R.E.M.

Com qual frequência nós sonhamos?

Apesar de nem sempre nos lembrarmos, especialistas defendem que os sonhos acontecem todas as noites. Isso ocorre porque, ao dormir, realizamos uma espécie de faxina em nossa mente, necessária para mantermos nosso equilíbrio mental e emocional. Pesquisas recentes mostram que lembramos dos sonhos que são interrompidos pelo acordar, seja porque provocam muita angústia e não conseguimos prosseguir dormindo, ou porque somos despertados por algo, como um despertador, um barulho ou alguém.

E se lembrar do que é sonhado com frequência requer prática. É preciso cultivar, pois pode se tornar um hábito. Os sonhos são nossa criação, nos falam de nós mesmos, do que estamos vivendo, das nossas tarefas do momento, de nossas angústias e de nossos planos. Portanto, lembrar-se deles é sempre interessante e importante, pois, sem dúvidas, é uma possibilidade de comunicação com os aspectos inconscientes de nós mesmos, o que é determinante de nossa vida.

E se o mesmo sonho se repetir por muitos anos?

Isto pode nos dizer que existem situações emocionais importantes que precisamos elaborar, que ainda não conseguimos dar conta ou resolver internamente. Pode ser uma experiência de abandono, de agressão, ou de culpa, por exemplo. O sonho é uma ferramenta muito interessante que nos fala de nossa vida mental e emocional. Portanto, se estivermos atentos a eles e os levarmos a sério, possivelmente teremos um indicador importante sobre as situações que estão nos afetando. Da mesma forma, eles nos ajudam – e muito – a elaborar nossas questões emocionais passadas e presentes, assim como nossas tarefas futuras.

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8 sonhos que devemos levar a sério de acordo com a Psicanálise

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