Amizade, um amor que nunca morre

O fim do ano se aproxima e alguns vão ficando mais reflexivos. A essa altura já começamos a contabilizar nossas conquistas e perdas, mas que tal também lembrarmos das coisas boas que temos e conseguimos preservar?

Em tempos egoístas onde o tamanho da felicidade parece estar no tamanho da conta bancária e naquele requisitado compromisso social que este ano você finalmente conseguiu ser convidado, não podemos esquecer que o que realmente importa ou pelo menos deveria importar ainda “são outros quinhentos”.

Por que não agradecer, por exemplo, a conquista ou permanência de uma grande amizade que por mais um ano sobreviveu ao corre-corre, ao mundo virtual da vida? Aquela amizade que a cada dia supera distancias, fofocas, diferenças e os desentendimentos nossos de cada ano?

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Psicanaliticamente, eleger alguém como amigo vai além de encontrar um parceiro disposto a escutar de você suas dores e amores. Quando existe amizade, é porque de alguma forma essas pessoas compartilham algo. Nos identificamos com uns e não com outros por componentes de admiração e sintonia que podemos enumerar, mas também por questões que tem muito de nosso inconsciente.

Nossas relações de amizade, tem a ver com nossos percursos iniciais, momento em que experimentamos o prazer sentido ao receber afeto daqueles que nos cuidam.

Amizade, um amor que nunca morre

Os primeiros laços que construímos de afeto surgem dentro do berço materno, e conforme nos desenvolvemos, nos socializamos, desperta uma necessidade de nos relacionarmos no círculo extra-familiar, ao qual se torna essencial para o processo de subjetivação. É a nossa jornada na busca de identidade, o encontro entre as pessoas nutrido a partir de um sentimento que é a amizade.

Buscamos ter um amigo, porque aquele amor recebido por nossa mãe, na tenra idade já não é mais único para nós, pois ela começa a se interessar por outras coisas além de nós, e como forma de tentar reparar esta marca, estabelecemos o laço da amizade. Os traços que se fixam inconscientemente a partir das nossas primeiras relações serão fundamentais para as futuras buscas de amizade.

Mergulhar numa amizade implica em abertura para o outro, a possibilidade de se deixar invadir pela troca, sem que isso atrapalhe nossa subjetividade. A amizade consente a busca das diferenças, aperfeiçoa nossas particularidades, espera de nós o insólito a cada contato, mesmo já conhecendo cada atitude um do outro. Isso não é tão fácil assim!

Mas finalizamos com uma frase de Mário Quintana que faz com que pensemos que as coisas materiais são efêmeras, iniciam e acabam em um processo cíclico, mas os sentimentos perduram dentro de nós até o fim. “A amizade é um amor que nunca morre”.

Autoras: Raquel Gomes da Silva e Roberta Santos Gondim

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