Nos próximos 10 meses o Exército do país tem uma dolorosa missão: garantir a segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Já pensou acordar de manhã e ao sair de casa se deparar com um soldado fardado e todo equipado para garantir a paz e segurança no seu bairro ou cidade? Essa é a triste realidade nesse momento naquele estado e não está sendo diferente em muitos outros em suas devidas proporções. Isso é uma demonstração de força e preocupação com a população? Tenho muito receio dessa decisão. Isso está mais para uma espécie de inibição temporária do crime. Já foram realizadas diversas operações desse tipo em curtos prazos e o resultado é sempre o mesmo: diminuição temporária de roubos, assaltos, estupros e uma pequena repressão ao tráfico de drogas. Essa operação será um tanto mais longa, mas o resultado é o de sempre: enxugar gelo e aplicar remédio em uma doença incurável.
O Exército é uma das três forças armadas do País, sendo responsável por garantir a proteção terrestre em situações extremas como guerras, ataques e situações emergenciais convocadas pelo Presidente da República, que atua como Comandante Supremo. A convocação dessa força armada militar demonstra a falência e a perda de controle no que diz respeito a Segurança Pública. Tenho a convicção que os soldados farão um trabalho muito sério e competente, isso sem dúvida. Estes já estão em reuniões e propondo estratégias, estudando as áreas e agindo conforme os protocolos aplicados conforme a situação a ser combatida.
Ao refletir um pouco sobre o assunto penso como será essa sensação de segurança? Um verdadeiro cenário de guerra está sendo formado quando soldados entram em áreas comercias, residenciais em busca de estabelecer controle diante da incapacidade e redenção do Estado diante de criminosos e narcotraficantes. Essa guerra não começou ontem, mas vem se arrastando por décadas e crescendo cada vez mais. Não adianta querer resolver em 10 meses o que poderia e deveria ter sido feito em 30 anos.
As soluções possíveis daqui em diante no quesito segurança pública são: aumento do efetivo em todas as polícias, reformulação do Código Penal e de outras leis para realmente ter punições severas e adequadas, melhoramento no treinamento, equipamentos e veículos (que deveriam ser todos blindados) utilizados principalmente pela PM e Polícia Civil que estão em contato direto com a marginalidade e investir maciçamente no patrulhamento e apreensões de drogas e armas ilegais pela PRF nas fronteiras entre os países vizinhos e entre os próprios Estados Brasileiros.
O que gerou tudo isso? A falta de investimentos severos na educação, o escoamento das verbas públicas nas mãos de outra serie de bandidos chamados carinhosamente de “políticos” que deveriam lutar em prol da sociedade e não em favor dos interesses pessoais e de seus pares corruptos muitas vezes financiando ou financiados pelo tráfico e por fim a corrupção dentro das próprias policias devido a ameaças de poderosos e interesses pessoais. Muitos dos que deveriam combater o crime não conseguem ou não o fazem por falta de recursos ou por terem se aliado ao lado oposto.
O que veremos nos próximos meses será uma verdadeira guerra entre iguais, pois os combatentes da criminalidade tem armas e coragem tanto quando um soldado militar. As razões e missões são diferentes: enquanto um soldado militar quer cumprir sua missão e honrar a sua farda, os soldados do crime querem garantir o seu Império, territórios e mercado lucrativo já adquirido. O que resultará desse confronto? Muitas mortes de soldados, bandidos e principalmente de inocentes que amanhã ou depois serão somente números e estatísticas nos noticiários do nosso país, afinal, o valor da vida humana tem se deteriorado diante de tanta violência. O preço é muito alto para tentar sanar uma guerra que se tornou invencível e que deixará cicatrizes por muitas décadas.