Pedofilia, pedofilo, estupro

A Pedofilia é a preferência sexual por crianças e pré-púberes (fase anterior a puberdade). É considerada uma Parafilia. Em uma Parafilia não há um forte interesse em um alvo genital ou nas preliminares com pessoas em condições físicas e/ou mentais apropriadas. Já no Transtorno Parafilico, além do que já foi dito, ocorre a característica de causar sofrimento ou dano a si e/ou a outra pessoa.

A Pedofilia não tem cura, acompanhando o sujeito por toda a vida. Se o acometido pela pedofilia não colocar seus pensamentos em prática, ou seja, jamais manter ou ter mantido relação sexual com criança ou pré-púbere, não sentir culpa ou vergonha, não apresentar limitação funcional, temos somente a orientação Pedófila. Entretanto, o transtorno Pedofílico caracterizar-se-á pela prática pedófila, sentimento de culpa, limitação à atividade funcional e outras. Caso esse transtorno não seja tratado, ocorre a grande possibilidade de sérios danos à vida social do Pedófilo e, principalmente, à segurança de crianças e pré-púberes.

As consequências às vítimas desse tipo de crime são muito grandes. As crianças atingidas sofrem em vários âmbitos de suas vidas, como baixa autoestima, tendência à Depressão, ao Transtorno Bipolar, ao suicídio, ao Transtorno de Personalidade Borderline. As vítimas podem apresentar tendência a reproduzir o abuso, tender a um aumento significativo da agressividade e irritabilidade entre outros, causando não só problemas imediatos como a posteriori (escolha de parceiro amoroso inadequado, mau andamento das relações amorosas, relacionamento sexual prejudicado, comportamento antissocial na vida adulta).

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O Transtorno Pedofílico pode ser de tipo exclusivo (somente meninas ou somente meninos), e pode se apresentar de forma mista, sendo então considerada do tipo  não exclusivo( interesse por meninos e meninas). Esse comportamento pode acometer tanto homens como mulheres, embora seja mais recorrente em homens. A Pedofilia pode ser observada em qualquer nível sócio econômico e em diferentes culturas. Nos tempos atuais, o tratamento oferecido aos acometidos desse transtorno são a Psicoterapia e medicações como Antidepressivos, Moderadores do Humor até medicações Antipsicóticas.

Em países como Coréia do Sul, alguns estados Norte Americanos e País de Gales ocorre a Castração Química. Essa castração trata-se de uma injeção de hormônios denominado Deprovera (acetato de medroxiprogesterona /DMPA) acarretando a redução no nível da Testosterona, inibindo o desejo sexual por aproximadamente 06 meses. Ela é renovada,  pois sem ela o Pedófilo irá incorrer em crime novamente. A indicação da castração Química ocorre com o intuito tanto de tratamento quanto de punição. No Brasil, a Castração Química não tem previsão legal e é aplicada em ambiente de pesquisa somente se houver consentimento do paciente.

Pedofilia, pedofilo, estupro

É possível encontrar entre as pessoas acometidas pelo comportamento Pedófilo, portadores de outras Parafilias, como  Sadismo, Voyeurismo e  transtornos mentais, como Transtornos do Afeto (Depressão, Bipolaridade,etc.), Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtornos da Personalidade Antissocial ou outros. Esses transtornos não explicam a Pedofilia, mas potencializam a ação Pedófila. Atualmente, existem pesquisas que apontam para diferenças nos lobos temporal e frontal entre os Pedófilos e os não Pedófilos. As pesquisas também apontam para aspectos de hereditariedade, bem como aspectos  hormonais enquanto preditores para esse Transtorno.

No entanto, as circunstâncias do ambiente são importantíssimas. Comportamento familiar desviante e situações de violência sexual na infância também são apresentados por muitos pedófilos.

Tipos de Pedófilos

Conforme a atuação do Pedófilo junto à vítima, ocorre uma classificação entre os  Pedófilos. Há os que atuam com violência ou não e os que incorrem em crime ou não. Serafim, Saffi, Rigonatti, Casoy e Barros ( 2009 ) apresentam os tipos de Pedofilia , classificando-os da seguinte forma:

1) Pedófilo Abusador – não é agressivo, mantém-se próximo à criança, podendo atuar ou não, ou seja,  mantém-se quase sempre no âmbito das fantasias sexuais.

2) Pedófilo Molestador – atua com violência (ataca, machuca). Pode ser situacional ou preferencial.

Pedófilo Molestador Situacional (pseudopedófilo): tem a criança como alvo, justificando apenas por ser mais difícil a descoberta de sua atuação.

Pedófilo Molestador Situacional Regredido: tem como vítimas além das crianças qualquer outro vulnerável, desejo intenso de manter sua autoestima a partir da sedução destes.

Pedófilo Molestador Situacional Inescrupuloso: utiliza-se de mentiras e manipulações e não tem somente nas crianças o seu alvo.

Pedófilo Molestador Situacional Inadequado: tem transtorno mental que prejudica o juízo, não apresenta crítica entre o certo e o errado.

3) Pedófilo Molestador Preferencial – tem como único alvo as crianças, utiliza-se de violência e pode, no decorrer do ato.  cometer homicídio. Apresentam cognição preservada e geralmente bom desempenho em testes de Q.I

a) Pedófilo Molestador Preferencial Sedutor:  utiliza-se de artifícios de sedução como presentes, doces e procuram pela vítima, não utilizam violência, podem levar um tempo até conquistar sua confiança e cometer seus intentos pedófilos.

b) Pedófilo Molestador Preferencial Sádico: o pedófilo se utiliza de violência, esta lhe causa excitação sexual, de uma forma geral não conhecia a vítima anteriormente.Tem em seus ato elementos de premeditação e ritualização.

c) Pedófilo Molestador Preferencial Introvertido: preferência específica por crianças, sem habilidades de sedução, ataca em locais de grande concentração  pessoas.

É importante salientar que, para todos os casos de Atuação Pedófila, há previsão de processo legal e reclusão,  com penas que vão desde  8  a 15 anos ou mais, dependendo dos agravantes.

 

Referências:

SERAFIM, Antonio de Pádua, SAFFI, Fabiana; RIGONATTI, Sérgio Paulo; CASOY, Ilana; BARROS, Daniel Martin de. Perfil psicológico e comportamental de agressores sexuais de crianças. Revista Psiq Clínica, 101-11, 2009.

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-V Artmed– 5. ed. /Porto Alegre, 2014

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