A Terapia Familiar Sistêmica surgiu nos anos 50, Palo Alto, na Califórnia, a partir do trabalho desenvolvido por Gregory Bateson e um grupo de colaboradores, com famílias de esquizofrênicos. Esta teoria baseia-se na teoria Geral dos Sistemas, iniciada por Von Bertallanfy em 1947. A partir desta Teoria não se pode mais ignorar a pluralidade de causas que determinam em um dado momento uma situação, toda conduta é complexa, seja qual for o aspecto que se estiver focando, é uma parte de um todo mais amplo…

A Teoria da Terapia familiar está fundamentada no fato de que o homem não é um ser isolado, mas um membro ativo e reativo de grupos sociais. O indivíduo é um sistema, que por sua vez é um subsistema de um sistema maior que é a família, que por sua vez é um subsistema de um sistema maior que é a sociedade.

“A concepção sistêmica da vida baseia-se na consciência do estado inter-relacionado e interdependência essencial de todos os fenômenos-físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Isso significa formular gradualmente uma rede de conceitos e modelos interligados e, ao mesmo tempo, desenvolver organizações sociais correspondentes. Nenhuma teoria ou modelo será mais fundamental do que o outro, e todos eles terão que ser compatíveis“. (Capra apud Assis, 1995, p. 123)

O indivíduo influencia o seu contexto, e é por ele influenciado, este indivíduo que faz parte de uma família, membro de um sistema social, ao qual deve se adaptar. Suas ações são governadas pelas ações do sistema, e estas características incluem os efeitos de suas próprias ações passadas.

O objetivo básico da Terapia Relacional Sistêmica, é trabalhar mudanças para uma melhor qualidade de vida, modificando comportamentos e processos psíquicos internos de uma estrutura familiar. É uma terapia voltada para o sistema, no qual o indivíduo está inserido. Neste sentido, terapeuta e família se associam para formar um sistema terapêutico. Sendo uma terapia de ação, trabalha-se a mudança no funcionamento da dinâmica do sistema familiar, de maneira a intensificar o crescimento psicossocial de cada membro. A família modificada oferece a seus membros novas circunstâncias e novas perspectivas de si mesmos.

“o objetivo da terapia é abrir novas possibilidades oportunizando uma mudanças para melhor, é impossível tratar o sistema sem que se produza uma mudança básica na situação, nas relações e inter-relações do cliente“. (Nascimento apud Assis )

A família é um sistema aberto, em transformação, um conjunto de padrões aos quais os membros interagem, como também regulam o comportamento dos membros da família.

Um dos casos importantes que podem ser reposicionados pela Terapia Familiar Sistêmica, são as famílias trianguladas. Isso ocorre quando a hierarquia familiar perde a sua estrutura básica, os filhos assumem lugares dos pais, carregando assim, como responsabilidade o seu próprio papel e o de outra pessoa.

“Quando pai é pai, e filho é filho, quando o irmão mais velho desempenha o papel de irmão mais velho e o mais novo age de acordo com o papel de irmão mais novo, quando o marido é realmente marido e a esposa é realmente a esposa, então, existe ordem“. (I. Ching apud Calil, 1987, p.34).

O processo terapêutico começa pela avaliação do sistema e redefinição deste, mudando a visão do sistema pelo sintoma, fazendo de forma que fique circular, responsabilizando todo o sistema, construindo a partir disso, novas possibilidades, provocando mudanças.

“A ideia central dessa escola é ser o “doente“, ou membro sintomático, apenas um representante circunstancial de alguma disfunção no sistema familiar“. (Calil, 1987, p. 17).

Na verdade, quando alguma pessoa da família apresenta algum problema, este não é responsabilidade apenas desta pessoa. O que parece ser problema de uma única pessoa vem para avisar que toda a família está com dificuldade.

Quando um homem e uma mulher se casam, serão os representantes das suas famílias, duas culturas diferentes, a partir deste momento, quando surge um filho, surgirá também uma nova família, pai, mãe e filho, onde pai e mãe são o eixo familiar, constituindo um equilíbrio, para o desempenho eficaz e funcional da família. Isto é necessário para que a família tenha um ritmo, desde que sejam mutáveis à novos caminhos. Ao invés do equilíbrio, as famílias podem apresentar tensões, rigidez, que impedem a mobilidade do sistema familiar. Neste momento, o terapeuta tem a função de promover a volta à movimentação, ao processo dinâmico da família.

O paradoxal é que ela está em crise, revelada através de um membro doente, e, ao mesmo tempo, retrai-se diante da possibilidade do terapeuta induzir uma crise que possa levar à renovação de sua estrutura.(Groisman, 1991, p.44).

Em cada tipo de tensão vivida pela família, sejam internos ou externos, exigirá um processo de adaptação, transformações constantes das interações familiares, a fim de manter-se o equilíbrio e a continuidade da família, conduzindo ao crescimento de seus membros.

“A família é um sistema entre sistemas, a exploração das relações interpessoais e das normas que regulam a vida dos grupos, em que o indivíduo está mais radicado, será um elemento indispensável para a compreensão dos comportamentos dos seus membros e para levar a cabo uma intervenção significativa em situações de necessidade“. (Andolfi,1996,p. 22).

 

Fonte: http://www.clinicaservital.com.br

BIBLIOGRAFIA

ANDOLFI, Maurizio M. D. A terapia familiar: um enfoque interacional. São Paulo: Tecnicópias, 1996.
CALIL, Vera. Terapia familiar e de casal. São Paulo: Summus, 1987.
GROISMAN, Moisés. Família trama e terapia: responsabilidade repartida. Rio de Janeiro: Objetiva, 1991.
MINUCHIN, Salvador. Famílias funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
SATIR, Virgínia. Terapia do grupo familiar. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993.

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