Sentir-se desanimada e triste constantemente durante a gestação é sinal de um possível quadro de depressão na gravidez. Quando sintomas são percebidos, é necessário que a gestante procure ajuda profissional o quanto antes. A doença interfere diretamente na relação da mãe com o feto e pode prejudicar o desenvolvimento do bebê.
O problema pode ser tratado e controlado de maneira a não causar danos graves tanto para a saúde da mãe quanto da criança. Mas, para isso, é preciso começar o tratamento o quanto antes, que é indicado pelo médico de acordo com o quadro e também com o estado da saúde gestacional da mãe.
Como identificar a depressão na gravidez
Os casos de depressão na gravidez são mais comuns do que se imagina, mas poucas mulheres identificam o problema e procuram ajuda. A instabilidade emocional é frequente durante a gestação, devido à brusca alteração dos níveis hormonais, o que pode dificultar ainda mais o diagnóstico.
O estresse, a ansiedade, o medo e a insegurança são normais, principalmente no início da gestação. Esses sentimentos, combinados com a fragilidade emocional do período, podem acabar acarretando um quadro mais grave, o que interfere na saúde e no bem-estar da futura mãe – e também no desenvolvimento do bebê, pois ele sente tudo que a mãe está sentindo.
Apesar de esses momentos de incerteza e até mesmo de tristeza serem comuns, é preciso ficar atenta. Essas emoções fazem parte do processo gestacional, por se tratar de uma fase completamente nova e que traz muitas mudanças na vida da mulher e da família. Porém, ao longo do tempo, a sensação melhora e a grávida consegue se adaptar à nova situação.
Agora, quando a tristeza, a angústia, o desânimo, o cansaço, a fadiga e as alterações no sono se tornam sinais frequentes e intensos, é preciso procurar ajuda profissional.
Consequências para mãe e bebê
A depressão na gravidez pode causar sérios prejuízos para o bem-estar da gestante, interferindo até mesmo na capacidade de cuidar de si e do bebê. A mãe passa a ter dificuldades para perceber seu papel, deixando de consultar o médico, de se alimentar adequadamente e de dormir direito, além de não criar expectativas quanto ao nascimento da criança.
Já as consequências para o bebê foram comprovadas por um grupo de estudos do Hospital de Medicina Infantil Erasmus-Sofia, na Holanda. A pesquisa aponta que bebês cujas mães apresentem sintomas de depressão na gravidez têm maior risco de se desenvolver lentamente, em comparação com outras crianças.
O estudo analisou três grupos de gestantes. O primeiro não tinha qualquer sintoma de depressão; o segundo apresentava sintomas não graves; o terceiro era tratado com medicamentos antidepressivos. Os resultados indicaram que os bebês gerados pelas mães sem sinais depressivos cresciam em um ritmo mais rápido que os filhos das gestantes com quadro de depressão.
Além disso, o experimento também revelou que as mulheres tratadas com antidepressivos, apesar de controlarem as manifestações da doença, ainda geram fetos com um crescimento mais lento que o normal. Acredita-se que os remédios causem certa desordem no sistema de recaptação da serotonina, o neurotransmissor do bem-estar, o que pode ter efeito negativo sobre o crescimento do cérebro dos bebês.
Para tratar a depressão na gravidez adequadamente, é preciso que o obstetra e o psiquiatra da grávida avaliem o quadro para saber se a criança teria mais benefícios com a mãe medicada ou tratada com outro recurso, como a psicoterapia, por exemplo.