A gravidez é um momento único na vida de todo casal. A alegria de colocar alguém no mundo, educá-lo e acompanhar seu crescimento é uma sensação indescritível. No entanto, toda essa felicidade é, às vezes, acompanhada de sentimentos ruins, especialmente logo após o nascimento do bebê. Mulheres com depressão pós-parto são uma realidade bastante presente no país.
Cerca de uma em cada quatro brasileiras que dão a luz tem sintomas dessa doença – mais precisamente, 26,3% delas. A estatística surge a partir de um estudo realizado pela pesquisadora Mariza Theme, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP), ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
A pesquisa, divulgada na edição de abril da revista “Journal of Affective Disorders”, entrevistou quase 24 mil mães no período de seis a 18 meses após o nascimento de seus filhos. Foi a primeira vez que um estudo apresentou a prevalência dos sintomas da depressão pós-parto no Brasil.
Obstáculos sociais de mulheres com depressão pós-parto
Outra contribuição desse achado científico foi estabelecer uma espécie de grupo de risco da doença. Apesar de a depressão pós-parto poder acometer qualquer mulher, as de maior vulnerabilidade social têm mais chances de desenvolver o problema.
Mães da cor parda, de baixa condição socioeconômica, com antecedentes de transtornos mentais, que mantenham hábitos não saudáveis e que não planejaram a gravidez fazem parte do maior percentual de mulheres acometidas por esse quadro.
Segundo a pesquisadora responsável pelo estudo, a situação poderia ser amenizada com políticas públicas mais efetivas. De acordo com Mariza, não há um rastreamento específico para depressão pós-parto no Sistema Único de Saúde (SUS).
Tratamento e prevenção do problema
Mulheres com depressão pós-parto devem procurar tratamento e sobretudo fazer um intervenção precoce para prevenir consequências mais sérias. Conforme explica a psicóloga Márcia Rodrigues, medicamentos e psicoterapia pode ajudar muito em casos como esses.
Porém, mais que isso, a profissional acredita no acompanhamento mais próximo como alternativa. “Ficar de olho naquelas mulheres que já tiveram quadros depressivos anteriormente, pois existe a possibilidade de repetição, é a melhor maneira de prevenir a doença”, completa.
A principal dica para lidar com a depressão pós-parto é cuidar de si mesma, da saúde mental e física. Mudanças no estilo de vida também ajudam, como dormir bem, relaxar, alimentar-se adequadamente e tomar sol com proteção adequada.
Além disso, deve-se manter quem faça bem à paciente ao seu redor. Não se afastar dos amigos e da família e contar a eles o que está ocorrendo faz parte da busca por ajuda. “Também é interessante procurar grupos de mães para a pessoa partilhar os sentimentos, sensações e experiências do processo maternidade”, finaliza Márcia.